
Kim Anchan
Atualizado em 18 de jun. de 2025
CONTEÚDO
Roubo esse título de um post — não tão recente do meu Linkedin — para atestar esse fato, antes no singular, agora no plural: somos mimados digitais.
Com a crescente invasão do mercado digital por basicamente todo mundo (convenhamos: não termos acesso à uma empresa no alcance de um clique é um ultraje) alguns comportamentos de experiência do usuário ideal mudaram, não somos tão facilmente surpreendidos mais.
Sempre existiu uma distância daquilo que é corporativo com o que é pessoal, até porque: o cuidado com a vida reservada é outro. Buscamos segurança, oras, vou mesmo deixar o maquinário capitalista entrar na minha casa? Bom, se ele tiver um visual humanizado e empático, uma comunicação gentil e transparente e mostrar, acima de tudo, me conhecer a ponto de me oferecer uma experiência personalizada e customizável para o meu estilo de vida, talvez.
O que antes era inovador (pedir um carro para te buscar na frente de casa, receber compras de mercado, realizar reservas de acomodações e por aí vai) agora é comum. O mercado digital passa, atualmente, por uma commoditização da experiência. E isso significa que: o diferencial de anos atrás é o mínimo de hoje em dia. Não posso oferecer para um cliente um tratamento menos que exclusivo para ele que já se acostumou com esse tipo de interação — já vi um exemplo muito bom sobre isso que foi: imagina um hotel não ter no banheiro amostras de shampoo, condicionador e sabonete?
Commoditização do mercado digital: a evolução da tecnologia e da crescente de ferramentas digitais (como vemos com inteligência artificial, por exemplo) têm se tornado commodities, e isso é: produtos e serviços perdem seus diferenciais competitivos que sustentam o seu produto no mercado. Tudo se torna igual.
E aquela experiência única, atenciosa e que aproxima, clássica de empresas com públicos menores, mais nichados, foi abraçada por empresas de grande escala que souberam fazer bem uma coisa:
Utilizar dados de forma inteligente.
Foi aprendido como replicar em escala — e de forma rápida — o esforço anterior utilizado na criação de uma experiência individual, e isso, sem perder qualidade durante esse processo. Hoje, plataformas adaptam-se para mostrar o conteúdo certo, no momento certo.
E o que engloba usar dados no processo de experiência?
Separar dados relevantes de dados não úteis.
Criação do perfil do cliente, definição de contexto do usuário, previsão de comportamento, preferências, gostos e desgostos.
Segmentação desses perfis, para criação de campanhas e ações voltadas para eles de forma mais específica.
Modelos preditivos de mercado, prevendo o comportamento do usuário de acordo com a atualidade, o que está “em alta”.
Experiência dinâmica, entregar para o usuário o chamado “feedback em tempo real”.
Agora, sinto que o que é necessário salientar nessa conversa, caro leitor, é que esses pontos mencionados acima não resumem a utilização de dados “inteligente”, e sim uma utilização de dados. O inteligente vem depois. Não necessariamente uma empresa que coleta dados e guia suas decisões a partir disso se equaliza num resultado de experiência do usuário ideal, melhor. Usar dados também é um processo de erros e acertos, então acompanhar todas as decisões que serão tomadas a partir desse estudo, fala muito mais sobre a qualidade dessa utilização. O que o torna bom é acompanhar se o que está sendo criado a partir desses insights está realmente sendo efetivo.
As campanhas que estão sendo criadas estão realmente encantando?
Como consigo aprender com os usuários se meu estudo de dados está correto? Tenho testado alguma coisa? (Que tal um teste A/B?)
Meu modelo de predição tem estado alinhado com o mercado? Consigo comprovar isso como? Qual impacto quero medir?
A atenção nesses pontos é o que **vai diferenciar — minimamente, eu diria — uma empresa de outros players do mercado. Isso porque: mencionei que, querendo ou não, foi tornada comum a preocupação com dados; que é diferencial usar dados e tratá-los bem; e que saber como acompanhar eles da melhor forma é o ideal. Mas, como realmente aprimorar-se ainda mais nessa experiência em escala, quando quase todo mundo tem, em suas empresas, times dedicados à realizar esse trabalho?
Volto ao que disse no começo de tudo: somos mimados digitais. Estamos nos acostumando cada vez mais a pensar menos, e a ter mais o que queremos na palma de nossas mãos. Então trago aquela antiga pergunta:
O que importa mais, o que se diz, ou como se diz?
Num paralelo com nossas vidas pessoais — o pelo menos com a minha — eu diria que a resposta para essa pergunta seria o “que”. O que quer se comunicar, a mensagem é o mais importante de tudo. Ou não? Quando voltamos o olhar para esse mercado inflado que já mencionei, de experiências commoditizadas, se tudo do “que” já está sendo resolvido com um bom uso de dados, será que, na real, agora o diferencial agora reside no “como”?
Sobre isso, entramos em uma nova época do design de experiência. Aquele momento em que o tempo gasto para refinar para as telas e interfaces que criamos é muito menor do tempo que gastamos refinando narrativas.
Porque, se antes o trabalho era criar interfaces funcionais, agora o desafio é encantar mesmo depois da funcionalidade estar garantida. O como ganha força: tom de voz, ritmo da comunicação, gestos de interface, animações, microinterações — tudo isso constrói a camada emocional da experiência. Aquela que, de fato, fideliza. E se o usuário está mimado, cabe a nós designers, estrategistas, redatores, product managers, entendermos que a próxima fronteira de diferenciação não está mais na eficiência, e sim na emoção.
Estamos disputando atenção, mas, mais do que isso, estamos disputando conexão.
Por isso, voltamos aos fundamentos: empatia, escuta, intuição e sensibilidade. Não dá pra tratar a personalização como uma equação fria. Os dados apontam, mas somos nós que contamos a história, sabe? Somos nós que construímos o tom, o gesto, o acolhimento. É aí que mora a diferença entre um fluxo que converte e uma jornada que permanece na memória.
O futuro da experiência digital não é só responsivo — é responsável, relacional, e refinado.
Somos mimados, sim. E continuaremos, pois como boa é essa sensação. Inclusive, talvez esse não seja o problema, mas sim, o lembrete: hoje a nova realidade do design de experiência pede encantamento.
Roubo esse título de um post — não tão recente do meu Linkedin — para atestar esse fato, antes no singular, agora no plural: somos mimados digitais.
Com a crescente invasão do mercado digital por basicamente todo mundo (convenhamos: não termos acesso à uma empresa no alcance de um clique é um ultraje) alguns comportamentos de experiência do usuário ideal mudaram, não somos tão facilmente surpreendidos mais.
Sempre existiu uma distância daquilo que é corporativo com o que é pessoal, até porque: o cuidado com a vida reservada é outro. Buscamos segurança, oras, vou mesmo deixar o maquinário capitalista entrar na minha casa? Bom, se ele tiver um visual humanizado e empático, uma comunicação gentil e transparente e mostrar, acima de tudo, me conhecer a ponto de me oferecer uma experiência personalizada e customizável para o meu estilo de vida, talvez.
O que antes era inovador (pedir um carro para te buscar na frente de casa, receber compras de mercado, realizar reservas de acomodações e por aí vai) agora é comum. O mercado digital passa, atualmente, por uma commoditização da experiência. E isso significa que: o diferencial de anos atrás é o mínimo de hoje em dia. Não posso oferecer para um cliente um tratamento menos que exclusivo para ele que já se acostumou com esse tipo de interação — já vi um exemplo muito bom sobre isso que foi: imagina um hotel não ter no banheiro amostras de shampoo, condicionador e sabonete?
Commoditização do mercado digital: a evolução da tecnologia e da crescente de ferramentas digitais (como vemos com inteligência artificial, por exemplo) têm se tornado commodities, e isso é: produtos e serviços perdem seus diferenciais competitivos que sustentam o seu produto no mercado. Tudo se torna igual.
E aquela experiência única, atenciosa e que aproxima, clássica de empresas com públicos menores, mais nichados, foi abraçada por empresas de grande escala que souberam fazer bem uma coisa:
Utilizar dados de forma inteligente.
Foi aprendido como replicar em escala — e de forma rápida — o esforço anterior utilizado na criação de uma experiência individual, e isso, sem perder qualidade durante esse processo. Hoje, plataformas adaptam-se para mostrar o conteúdo certo, no momento certo.
E o que engloba usar dados no processo de experiência?
Separar dados relevantes de dados não úteis.
Criação do perfil do cliente, definição de contexto do usuário, previsão de comportamento, preferências, gostos e desgostos.
Segmentação desses perfis, para criação de campanhas e ações voltadas para eles de forma mais específica.
Modelos preditivos de mercado, prevendo o comportamento do usuário de acordo com a atualidade, o que está “em alta”.
Experiência dinâmica, entregar para o usuário o chamado “feedback em tempo real”.
Agora, sinto que o que é necessário salientar nessa conversa, caro leitor, é que esses pontos mencionados acima não resumem a utilização de dados “inteligente”, e sim uma utilização de dados. O inteligente vem depois. Não necessariamente uma empresa que coleta dados e guia suas decisões a partir disso se equaliza num resultado de experiência do usuário ideal, melhor. Usar dados também é um processo de erros e acertos, então acompanhar todas as decisões que serão tomadas a partir desse estudo, fala muito mais sobre a qualidade dessa utilização. O que o torna bom é acompanhar se o que está sendo criado a partir desses insights está realmente sendo efetivo.
As campanhas que estão sendo criadas estão realmente encantando?
Como consigo aprender com os usuários se meu estudo de dados está correto? Tenho testado alguma coisa? (Que tal um teste A/B?)
Meu modelo de predição tem estado alinhado com o mercado? Consigo comprovar isso como? Qual impacto quero medir?
A atenção nesses pontos é o que **vai diferenciar — minimamente, eu diria — uma empresa de outros players do mercado. Isso porque: mencionei que, querendo ou não, foi tornada comum a preocupação com dados; que é diferencial usar dados e tratá-los bem; e que saber como acompanhar eles da melhor forma é o ideal. Mas, como realmente aprimorar-se ainda mais nessa experiência em escala, quando quase todo mundo tem, em suas empresas, times dedicados à realizar esse trabalho?
Volto ao que disse no começo de tudo: somos mimados digitais. Estamos nos acostumando cada vez mais a pensar menos, e a ter mais o que queremos na palma de nossas mãos. Então trago aquela antiga pergunta:
O que importa mais, o que se diz, ou como se diz?
Num paralelo com nossas vidas pessoais — o pelo menos com a minha — eu diria que a resposta para essa pergunta seria o “que”. O que quer se comunicar, a mensagem é o mais importante de tudo. Ou não? Quando voltamos o olhar para esse mercado inflado que já mencionei, de experiências commoditizadas, se tudo do “que” já está sendo resolvido com um bom uso de dados, será que, na real, agora o diferencial agora reside no “como”?
Sobre isso, entramos em uma nova época do design de experiência. Aquele momento em que o tempo gasto para refinar para as telas e interfaces que criamos é muito menor do tempo que gastamos refinando narrativas.
Porque, se antes o trabalho era criar interfaces funcionais, agora o desafio é encantar mesmo depois da funcionalidade estar garantida. O como ganha força: tom de voz, ritmo da comunicação, gestos de interface, animações, microinterações — tudo isso constrói a camada emocional da experiência. Aquela que, de fato, fideliza. E se o usuário está mimado, cabe a nós designers, estrategistas, redatores, product managers, entendermos que a próxima fronteira de diferenciação não está mais na eficiência, e sim na emoção.
Estamos disputando atenção, mas, mais do que isso, estamos disputando conexão.
Por isso, voltamos aos fundamentos: empatia, escuta, intuição e sensibilidade. Não dá pra tratar a personalização como uma equação fria. Os dados apontam, mas somos nós que contamos a história, sabe? Somos nós que construímos o tom, o gesto, o acolhimento. É aí que mora a diferença entre um fluxo que converte e uma jornada que permanece na memória.
O futuro da experiência digital não é só responsivo — é responsável, relacional, e refinado.
Somos mimados, sim. E continuaremos, pois como boa é essa sensação. Inclusive, talvez esse não seja o problema, mas sim, o lembrete: hoje a nova realidade do design de experiência pede encantamento.